O PINTOR JOSÉ SANTOS
Por Hiram Ribeiro dos Santos
José Raimundo dos Santos, filho de Raimundo José dos Santos e de Maria da Felicidade Santos do Monte, nasceu no dia 18 de agosto do ano de 1906, na cidade de Icó, região sul do estado do Ceará.
Tornou-se um autodidata, verdadeiro intelectual. Dominava com profundidade geografia universal, literatura portuguesa e brasileira, história geral, fundamentos matemáticos e até cálculos estruturais. Conhecia toda a civilização hebraica, era dotado de educação refinada, um gentleman no cumprimento interpessoal, estudou filosofia e na Grande e Augusta Loja Maçônica tinha o pseudônimo de Farias Brito.
Pintor, desenhista, caricaturista e arquiteto. Era exímio na pintura (óleo, creon, guache, aquarela), desenho e bico de pena. Tinha um grande domínio na arquitetura clássica tendo projetado e edificado o Palacete da Loja Maçônica Regeneração Campinense, localizado na Rua Vidal de Negreiros, centro de Campina Grande, no estado da Paraíba.
Antes de alcançar a mocidade deixou sua terra natal e foi iniciar sua vida profissional em Fortaleza, capital do seu estado. Manteve contatos com artífices da pintura e do desenho. Viajou pelo Brasil. Passou pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Esteve a trabalho nos Teatros José de Alencar em Fortaleza, Amazonas em Manaus e Alberto Maranhão em Natal. Cenógrafo da Companhia de Óperas e Operetas do famoso tenor Vicente Celestino e da cantora e atriz Gilda de Abreu, encenando a bela e recordista peça 'O Ébrio'. Mas o que ele mais gostava e nutria verdadeira paixão era pela pintura sacra, requisitada em todo o mundo, notabilizada nas capelas, igrejas e catedrais. Foi assim que veio parar na Paraíba, lá pelos idos de 1934, quando foi contratado pela Igreja Católica da cidade de Esperança, para fazer afrescos na sua catedral.
Lá conheceu a jovem Odília Ribeiro de Luna com quem contraiu núpcias em 1936. Decidiu voltar para Icó, tendo adquirido um cinema , misto com teatro, local. Sua jovem esposa não se deu bem na terra do marido. Desistiu da iniciativa.
Logo retornaram à Paraíba e fixaram residência
Em 1964, quando da inauguração do novo Palacete Maçônico, recebeu o título de Cidadão Campinense, outorgado pela Câmara Municipal da cidade. Na oportunidade o engenheiro italiano Giovanni Gioia, enalteceu para toda a imprensa local as qualidades técnicas e artísticas do artista cearense, quando destacou a modernidade no teto do templo maçônico todo feito em concreto sem colunas de sustentação. No prédio demolido o teto (modelo do firmamento) era confeccionado de madeira.
Dedicou sua vida à arte, à família, à maçonaria e aos desassistidos de toda sorte. Foi arquiteto da Loja Maçônica e diretor do Hospital Pedro I. Atendia a todos que lhe procuravam e o fazia com toda atenção e desprendimento, encaminhando-os para o cadinho da solução de cada problema.
Com problemas cardíacos que o perseguiram por anos, o Mestre J. Santos, como era conhecido, faleceu no dia 18 de março de 1973. Seu corpo foi velado no Palacete da Loja Maçônica, sua segunda casa, e sepultado no túmulo da Maçonaria, no cemitério do Monte Santo, que fora desenhado e construído pelo mais humilde, simples, educado, caridoso, amigo e artista que Campina Grande conviveu e a Paraíba conheceu.
Hiranzinho, quanta saudade de você!
ResponderExcluirFiquei muito emocionada com a postagem que você fez sobre papai e sua arte. São lembranças escritas que jamais sairam da minha mente e do meu coração, porque foram vividas intensamente por mim, pois ele foi e sempre será o meu pai querido, amigo e professor da vida.
Obrigada por ele ter um neto como você!
Beijos de sua Tia Nininha!