"Meus olhos viraram pintores, e com isso esboçaram a beleza de tuas formas nas telas do meu coração". William Shakespeare

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

BIOGRAFIA DE UM ARTISTA!

O PINTOR JOSÉ SANTOS


Por Hiram Ribeiro dos Santos



José Raimundo dos Santos, filho de Raimundo José dos Santos e de Maria da Felicidade Santos do Monte, nasceu no dia 18 de agosto do ano de 1906, na cidade de Icó, região sul do estado do Ceará.

Seu pai além de comerciante foi vereador da Câmara Provincial da localidade Icó. Logo em tenra idade sentiu que nascera com a vocação nata para a arte da pintura e do desenho. Estudou até o ensino básico,entretanto os seus olhos estavam sempre abertos para a leitura. Lia tudo o que lhe interessava, era hábito na época.

Tornou-se um autodidata, verdadeiro intelectual. Dominava com profundidade geografia universal,  literatura portuguesa e brasileira, história geral,  fundamentos matemáticos e até cálculos estruturais. Conhecia toda a civilização hebraica, era dotado de educação refinada, um gentleman no cumprimento interpessoal, estudou filosofia e na Grande e Augusta Loja Maçônica tinha o pseudônimo de Farias Brito.

Pintor, desenhista, caricaturista e arquiteto. Era exímio na pintura (óleo, creon, guache, aquarela),  desenho e bico de pena. Tinha um grande domínio na arquitetura clássica tendo projetado e edificado o Palacete da Loja Maçônica Regeneração Campinense, localizado na Rua Vidal de Negreiros, centro de Campina Grande, no estado da Paraíba.

Antes de alcançar a mocidade deixou sua terra natal e foi iniciar sua vida profissional em Fortaleza, capital do seu estado. Manteve contatos com artífices da pintura e do desenho. Viajou pelo Brasil. Passou pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro.  Esteve a trabalho nos Teatros José de Alencar em Fortaleza, Amazonas em Manaus e Alberto Maranhão em Natal. Cenógrafo da Companhia de Óperas e Operetas do famoso tenor Vicente Celestino e da cantora e atriz Gilda de Abreu, encenando a bela e recordista peça 'O Ébrio'. Mas o que ele mais gostava e nutria verdadeira paixão era pela pintura sacra, requisitada em todo o mundo, notabilizada nas capelas, igrejas e catedrais. Foi assim que veio parar na Paraíba, lá pelos idos de 1934, quando foi contratado pela Igreja Católica da cidade de Esperança, para fazer afrescos na sua catedral. 

Lá conheceu a jovem Odília Ribeiro de Luna com quem contraiu núpcias em 1936. Decidiu voltar para Icó, tendo adquirido um cinema , misto com teatro, local. Sua jovem esposa não se deu bem na terra do marido. Desistiu da iniciativa.

Logo retornaram à Paraíba e fixaram residência em Campina Grande, onde o casal teve doze filhos. Na Rainha da Borborema diversificou ainda mais. Foi além do que se notabilizara, professor na Escola de Artes e Ofícios, fazia
exposições de telas, murais e alegorias nas ruas e clubes sociais da cidade.

Em 1964, quando da inauguração do novo Palacete Maçônico, recebeu o título de Cidadão Campinense, outorgado pela Câmara Municipal da cidade. Na oportunidade o engenheiro italiano Giovanni Gioia, enalteceu para toda
a imprensa local as qualidades técnicas e artísticas do artista cearense, quando destacou a modernidade no teto do templo maçônico todo feito em concreto sem colunas de sustentação. No prédio demolido o teto (modelo do firmamento) era confeccionado de madeira.

Dedicou sua vida à arte, à família, à maçonaria e aos desassistidos de toda sorte. Foi arquiteto da Loja Maçônica e diretor do Hospital Pedro I. Atendia a todos que lhe procuravam e o fazia com toda atenção e desprendimento,
encaminhando-os para o cadinho da solução de cada problema.

Com problemas cardíacos que o perseguiram por anos, o Mestre J. Santos, como era conhecido, faleceu no dia 18 de março de 1973. Seu corpo foi velado no Palacete da Loja Maçônica, sua segunda casa, e sepultado no
túmulo da Maçonaria, no cemitério do Monte Santo, que fora desenhado e construído pelo mais humilde, simples, educado, caridoso, amigo e artista que Campina Grande conviveu e a Paraíba conheceu.

Um comentário:

  1. Hiranzinho, quanta saudade de você!
    Fiquei muito emocionada com a postagem que você fez sobre papai e sua arte. São lembranças escritas que jamais sairam da minha mente e do meu coração, porque foram vividas intensamente por mim, pois ele foi e sempre será o meu pai querido, amigo e professor da vida.
    Obrigada por ele ter um neto como você!
    Beijos de sua Tia Nininha!

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